sábado, 29 de janeiro de 2011

A sul da Fronteira - Oliver Stone


Oliver Stone estudou nas universidades de Yale e de Nova Iorque. Ganhou dois Oscar de melhor diretor com os filmes Platoon (serviu na guerra do Vietnãm, onde ganhou a "Estrela de Bronze de Honra ao Mérito") e Born on the Fourth of July (Nascido em quatro de julho).

O filme JFK foi incluído em quinto lugar na lista dos 25 filmes mais controversos de todos os tempos, feita pela Entertainment Weekly, em 16 de junho 2006.

Um documentário feito e relatado por Oliver Stone sobre o desenvolvimento da democracia na america latina. A visão de um americano do norte sobre o actual desenvolvimento da america latina, entrevistando os seus protagonistas.

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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Um exemplo de soberania...

Quando os governantes não estão vendidos aos bancos, quando os goverantes não estão á espera depois de sairem do governo de uns tachos numa qualquer administração...ou alguma construtora...

Fazem leis para defender os mais fracos e fazem-nas cumprir. Não como por cá, onde nos fazem pagar, a nós que trabalhamos os roubos que os banqueiros e seus amigos fizeram, e os bancos continuam a fazer, cobrando-nos todo o tipo de taxas. Este é um exemplo de um governo que sabe quem os elegeu e ao serviço de quem estão!
Claro que para os nossos governantes e demais comandita que vive á custa do nosso trabalho, o unico que sabe é roubar-nos o pouco que já temos, estes são ditadores...

Imagino o que pensará aquele ex-ministro que nunca tendo trabalhado, saiu do governo para presidente da maior construtora nacional...claro que essa construtora ganha fácil todas os concursos que lhe interessam...alguns sem concurso mesmo...enfim, como aqui, ao contrário do país onde governa este presidente, não há verdadeira democracia, não vou dar o nome exacto que todos sabemos que se dá a quem rouba...

Nota: Este banco Provincial é propriedade do BBVA, que como se devem recordar, a sua administração foi condenada em Espanha por vários crimes...penas? estão suspensos de exercer a actividade de banqueiros...
A justiça é uma coisa justissima, a partir de agora, lá como cá, os ladrões vão ficar suspensos de fazer mais roubos...

(N.R.) O caso aqui, é que , segundo a informação venezuelana, cerca de 100.000 familias foram burladas por imobiliárias/construtores com o suporte dos bancos, pagando num sistema de cotização, as casas que nunca receberam...razão deste plenário do presidente com os representantes dos lesados e da sua imediata reacção, face ao que lhe estava a ser exposto.

É como cá, não é? ...Pois, mas lá é uma ditadura dos pobres e classe média, por cá somos democráticos, para os grandes e ditadores para os pequenos...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Preparando a próxima guerra americana.

Você pode pensar que os EUA já estão em guerra com a China, dada a imensa quantidade de informação anti-Chinesa jorrando retórica do governo e dos média.

Mas vender guerras leva tempo. O americano médio não comprou ainda esta publicidade falsa. Assim, a grande mentira será repetida até que suas raízes estejam profundamente enterradas na psique americana: China, diz governo o dos EUA, é uma ameaça que precisa ser "tratada".

Este assalto da propaganda é multifacetada, tendo como objectivo atacar em todas as direções. Qualquer questão relacionada com a China - militar, econômica e social - está aberta para o ataque. Por exemplo, o chefe do Departamento de Defesa dos EUA, Robert Gates, visitou recentemente a Ásia e concentrou grande parte de sua viagem falando sobre a China como uma
"Ameaça militar".

Qual é essa ameaça?

Gates responde que a China tem mostrado um "rápido aumento da capacidade militar", comprovada por sua produção de um "caça stealth". A mídia dos EUA teve um dia de campo com esta notícia, a intenção de semear o terror na psique do público americano.

Um rápido olhar sobre os números revelam que o Sr. Gates e dos média dos EUA são hipócritas : China está longe de ser os EUA quando se trata de gastos militares: (!) Os EUA, sob Obama, vai gastar 725 biliões de dólares em 2011, enquanto China gastará US $ 80 bilhões.

Quando se trata de bases militares no exterior, a China tem zero, os EUA tem pelo menos 737!

(extrato de artigo publicado em http://www.globalresearch.ca )

Depois da guerra fria, de levar a guerra ao espaço, de matar milhões de seres humanos no médio oriente, oa EUA, levam a guerra á Internet..

O Comando Sul dos Estados Unidos mantém um portal na Internet para a guerra da informação do Exército norte-americano na América Latina, com aspecto semelhante aos que o Pentágono administra noutras regiões onde interveio militarmente.

Dialogo, com endereço http://www.dialogo-americas.com/, publica-se em três línguas, inglês, espanhol e português, com informações sobre a actualidade e reportagens especiais dedicadas à América Latina na perspectiva do Exército dos Estados Unidos.

Na página inicial, há um inquérito que convida os leitores da região a definir “qual o maior problema do seu país actualmente”, devendo estes marcar uma das seguintes opções: «Desemprego, Crime/Segurança Pública, Problemas Económicos, Problemas de Saúde, Terrorismo/Tráfico de Drogas e Problemas Políticos/Corrupção».

Inquérito da página inicial do sítio do Comando Sul para a América Latina.

Estranho diálogo o proposto por este sítio, pressupondo que todos os países do continente têm pelo menos um problema dos que aparecem na lista e que serviram de pretexto para as intervenções militares do Exército norte-americano na região.

“Diálogo é uma revista militar profissional publicada trimestralmente pelo Comandante do Comando Sul dos Estados Unidos como fórum internacional para o pessoal militar da América Latina”, afirma a nota de apresentação do sítio web, acrescentando que «o Secretário da Defesa determinou que a publicação desta revista é necessária para levar a cabo a actividade pública
que a lei do Departamento da Defesa exige».

Não é invulgar este tipo de portal na Internet, para acompanhar as guerras de informação e as operações de acção psicológica do exército dos Estados Unidos. Desde finais da década de 90, o Departamento da Defesa intervém em áreas cuja competência correspondia dantes aos ministérios “civis” encarregados da propaganda.

De acordo com uma análise publicada a 30 de Novembro de 2005 pelo Los Angeles Times, o Exército activou em todo o mundo «centros de operações de imprensa que funcionam durante 24 horas por dia», situando pela primeira vez «a Internet e outros meios de informação não tradicionais» sob a competência de peritos do Pentágono e das agências de espionagem norte-americanas.

No Iraque, o Pentágono subcontratou o Lincoln Group como redactores de artigos que apresentavam nos meios iraquianos a ocupação americana de um ponto de vista favorável aos EUA, operação concebida para mascarar qualquer relação com o Exército norte-americano.

O Lincoln Group comprou estações de rádio e jornais, traduziram-se os materiais e fizeram-se passar por jornalistas independentes ou executivos da publicidade. Enquanto isto, os funcionários dos EUA dentro e fora do Iraque promoviam os «princípios democráticos», a «transparência política» e a «liberdade de imprensa».

Ainda que a própria legislação norte-americana proíba formalmente que o Exército leve a cabo operações de acção psicológica ou introduza propaganda nos meios de comunicação, militares citados pelo Los Angeles Times argumentaram que com a Internet os esforços do Pentágono estavam a fazer-se no pressuposto de que a imprensa alternativa internacional exerce uma
influência negativa nos norte-americanos e portanto que ela faz parte do seu âmbito de competência. «Já não há maneira de separar os meios de comunicação estrangeiros e nacionais. Já não existe separação nítida», disse ao Los Angeles Times um contratado privado que se dedica a operações de informação no Iraque para o Pentágono e que se negou a revelar o nome.

A USA Today dava conta en Março de 2007 de uma das estratégias favoritas da ciberguerra que já se encontrava em prática: ataques piratas contra os sítios da Internet que incomodavam o governo Bush, para o qual o Laboratório de Investigação da Força Aérea dispunha de 40 milhões de dólares.

Contudo, a jóia desta ofensiva concentrava-se desde então na criação de sítios da Internet e ciberdissidentes à medida da retórica libertária das tropas norte-americanas para justificar as suas acções bélicas.

Essa mesma publicação daría conta alguns meses depois, em Maio de 2008, que o Pentágono «está a criar uma rede mundial de sítios noticiosos da Internet em língua estrangeira, incluindo um sítio em árabe para os iraquianos, e contrata jornalistas locais para escreverem histórias sobre acontecimentos da actualidade e outros conteúdos que promovam os interesses dos EUA e
mensagens contra os resistentes».

USA Today

A USA Today acrescentava que ». Entre os sítios criados pelo Pentágono, segundo a publicação, encontram-se o sítio iraquiano www.mawtani.com, o portal para os Balcãs www.setimes.com e www.magharebia.com para a região magrebína, sustentados pelo Comando Europeu dos EUA.



"Magharebia é um sitio da Internet patrocinado pelo Depart. de Defesa dos EUA. Está concebido para informar um público internacional com um portal com uma ampla gama de informação sobre a região do Magreb". (USA Today)

Os denominadores comuns destas publicações, segundo a USA Today, são: Serem escritas por jornalistas locais contratados para elaborarem histórias que se ajustem aos objectivos do Pentágono.
Pessoal militar ou seus contratados revêem as histórias para se assegurarem que são compatíveis com esses objectivos. Os jornalistas são pagos pelo que publicam.

O diário Ya anunciava a preparação de sítios da Internet semelhantes para a América Latina, em particular um portal que correria a cargo do Comando Sul cujo nome e características se mantinha então no anonimato.

O mistério Ya está revelado: chama-se Diálogo e na sua página principal desta segunda-feira destaca a ameaça da ONU se retirar do Haiti «se não for respeitada a decisão popular» registada nas eleições. Como se sabe, os EUA fizeram o impossível para que estas eleições se realizassem num país devastado, com 250.000 mortos no terramoto do passado 21 de Janeiro que
seguramente apareceriam nos registos de votantes se tivessem sobrevivido ao sismo. Quer dizer, criaram o problema e agora este Diálogo, que na realidade parece mais um monólogo, vem mostrar-nos o gato escondido com o rabo de fora.

Comando Sul

Comando Sul é o Comando Unificado das Forças Armadas dos Estados Unidos que operam na América Latina e Caraíbas e um dos nove comandos directamente vinculados à direcção superior do Departamento da Defesa dos EUA.

Opera no raio de acção de 32 países, 19 dos quais na América Central e do Sul e resto das Caraíbas. Desde 1997, o quartel-general encontra-se na Florida.

Anteriormente, esteve desde 1947 baseado no Panamá. A sua própria história reconhece como um antecedente «glorioso» o desembarque de fuzileiros ianques nesse país nos princípios do séc. XX. O Comando Sul, conhecido também pela sigla inglesa USSOUTHCOM, converteu-se num símbolo da ingerência norte-americana na região e foi aliado das forças militares e paramilitares que tão nefasto registo de mortes, torturas e desaparecimentos deixaram nos povos latino-americanos e caribenhos ao longo de mais de um século.

Nos últimos anos, o USSOUTHCOM armou, treinou e doutrinou os exércitos nacionais para servirem os interesses dos EUA sob a sua liderança. A finalidade é evitar a utilização de tropas norte-americanas e desta forma reduzir a oposição política nos EUA.
O modelo consiste em Washington dirigir e treinar os exércitos latino americanos através de extensivos e intensivos «programas conjuntos» subcontratar empresas privadas de mercenários que proporcionam milita especializados, todos eles oficiais «reformados» do Exército norte-america (Tirado da Enciclopédia contra o Terrorismo)

* Jornalista, editora de Cubadebate

Este texto foi publicado em Cubadebate:
www.cubadebate.cu/noticias/2010/12/06/comando-sur-crea-web-para-guerra
de-informacion-en-america-latina/



Tradução: Jorge Vasconcelos

Depois do roubo da banca atravéz do crédito especulativo, o capitalismo descobriu outra forma de roubo. A especulação sobre o preço dos alimentos.

Derivados de um capitalismo à deriva

João Ferreira
09.Jan.11 :: Destaques
João Ferreira“À entrada na segunda década do século XXI, o número de seres humanos a passar fome aproxima-se dos mil milhões. (…) As razões profundas da crise alimentar encontramo-las nas contradições e nos limites intrínsecos ao modo de produção capitalista, na sua irracionalidade. A pulsão especulativa procura a todo o custo contrariar a baixa tendencial da taxa de lucro, continuando o processo de acumulação. Assim se criam activos financeiros fictícios e se alimentam bolhas especulativas, acentuando a desproporção entre os meios financeiros em circulação e base material que lhes dá suporte. Muitos dos que ganham milhões especulando com os produtos alimentares não tocam sequer num único grão de milho ou bago de arroz

À entrada na segunda década do século XXI, o número de seres humanos a passar fome aproxima-se dos mil milhões. De acordo com a FAO, 925 milhões de pessoas não têm o suficiente para comer e a subnutrição contribui para mais de metade das 9,7 milhões de mortes de crianças até aos 5 anos de idade, que ocorrem por ano, nos países subdesenvolvidos. [1]

Nos últimos meses adensaram-se os receios de uma nova escalada nos preços dos bens alimentares a nível mundial, à semelhança da que conduziu à crise alimentar de 2007-2008. Ainda segundo a FAO, só durante o ano de 2008 pelo menos 40 milhões de pessoas foram levadas à fome em resultado dessa escalada.

Um relatório recente, da responsabilidade do relator especial da ONU para o direito à alimentação, aborda algumas das causas que então levaram ao aumento súbito dos preços dos produtos alimentares. [2]

Entre 2005 e 2008, o preço do milho nos mercados internacionais quase triplicou. Entre Abril de 2007 e Abril de 2008, o preço do arroz aumentou 165%. Esta variação não é explicada por alterações fundamentais na oferta ou na procura destes produtos, mas sim, fundamentalmente, pela especulação financeira exercida sobre estas mercadorias.

É certo que são diversos os factores que podem influir sobre a oferta dos bens alimentares e, consequentemente, sobre o seu preço. O aumento tendencial do preço do petróleo – uma matéria-prima essencial para a actividade agrícola – em resultado da sua progressiva e inexorável escassez, constitui um factor importante. Tal não deverá ser ignorado e esta é aliás a principal causa que alguns apontam para a recente subida dos preços de algumas mercadorias (commodities) nos mercados internacionais, incluindo de produtos alimentares como o milho e o trigo (em média, o preço das commodities subiu 25% nos últimos 6 meses). [3] Outros exemplos são a utilização crescente de terra fértil para produção não de alimentos mas de matérias-primas como biocombustíveis e a ocorrência de catástrofes naturais que destroem ou inviabilizam volumes de produção significativos.

Mas voltando à crise alimentar de 2007/08 e aos seus ensinamentos, as variações dos preços então registadas não poderão ser inteiramente explicadas senão pela especulação financeira; especulação que, tendencialmente, é (será) tanto maior quanto maior for a variabilidade e instabilidade associadas aos outros factores que influem na procura e/ou na oferta – aumentando exponencialmente os seus riscos. Vejamos o exemplo do trigo: entre Janeiro e Fevereiro de 2008, no prazo de um mês e meio apenas, o preço deste cereal aumentou 46%, descendo novamente quase outro tanto até Maio e aumentando novamente a partir daí 21% até ao início de Junho; são mudanças demasiado bruscas para poderem ser explicadas por alterações significativas na procura e/ou na oferta.

«Especulam porque está na sua natureza especular» [4]

As razões profundas da crise alimentar encontramo-las nas contradições e nos limites intrínsecos ao modo de produção capitalista, na sua irracionalidade.

A pulsão especulativa procura a todo o custo contrariar a baixa tendencial da taxa de lucro, continuando o processo de acumulação. Assim se criam activos financeiros fictícios e se alimentam bolhas especulativas, acentuando a desproporção entre os meios financeiros em circulação e base material que lhes dá suporte. Muitos dos que ganham milhões especulando com os produtos alimentares não tocam sequer num único grão de milho ou bago de arroz. A FAO estima que apenas 2% de todos os contratos de futuros resultem na entrega da mercadoria física subjacente.

Foi à medida que outras bolhas foram «secando» ou rebentando (novas tecnologias, mercado imobiliário, subprime) que os especuladores (fundos de investimento, hedge funds, fundos de pensões, grandes bancos) se concentraram nas commodities, incluindo nos produtos alimentares. Aos olhos dos especuladores, trata-se de uma bolha difícil de «secar», já que ao contrário do que sucede com outras mercadorias, mais ou menos dispensáveis, as pessoas terão sempre que comer.

A única maneira de impedir a especulação é acabar com os instrumentos que a viabilizam – nomeadamente com alguns «produtos financeiros», como os derivados OTC. Mas são as Nações Unidas, através do seu relator especial, que vêm agora reconhecer que as medidas adoptadas pela UE neste domínio estão longe de poder travar a especulação, sendo pouco mais do que uns pozinhos numa engrenagem que a UE vem dando provas de querer manter e servir…

Notas:
[1] www.wfp.org/hunger/stats
[2] www.srfood.org/index.php/en/component/content/article/894-food-commodities-speculation-and-food-price-crises
[3] www.nytimes.com/2010/12/27/opinion/27krugman.html?_r=2&hp
[4] www.avante.pt/pt/1929/pcp/111348/

* Biólogo, Deputado no Parlamento Europeu

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A revolução está fazendo o seu caminho, contra a vontade dos ditos "democratas"...

Tunísia: A lógica da revolução

por Dyab Abou Jahjah [*]

Manifestação em Marselha. A revolução tunisina continua a ditar a sua própria lógica a todos os níveis... Após tentativas de remanescentes do regime de difundirem através de várias técnicas (carros em movimento nas ruas a dispararem aleatoriamente sobre pessoas e casas, destruição de infraestrutura, etc), o povo tunisino organizou-se em comités que se disseminam por todo o país, em todo bairro e em toda cidade, começando a patrulhar as ruas e a proteger o povo. Comités populares perseguiram mesmo as milícias do velho regime e em um caso, numa troca de tiros, um deles caiu como mártir enquanto dois homens da milícia foram executados pelo povo.

Há relatos de actividade israelense na Tunísia em apoio da contra-revolução e também de infiltrados enviados da Líbia para sabotagem. Ainda não é claro se isto é um padrão ou são casos isolados.

A nível político, os remanescentes do velho regime ainda estão oficialmente no poder e estão a negociar com a falsa oposição que sempre serviu ao regime como decoração. Contudo, os comités populares, a central sindical e a oposição real estão a trabalhar para mudar isto e traduzir a revolução em efeitos políticos. Acredito que não levará muito tempo até ser traçado um caminho político rumo à preparação de eleições. É importante notar que eleições feitas em conformidade com o velho regime não produzirão mudança, de modo que a oposição real e o povo estão a exigir primeiro a mudança da constituição e então ir para eleições.

Os regimes árabes estão a ser sacudidos e os povos árabes estão eufóricos mesmo em lugares como o Oman e os Emirados. No Twitter, a juventude saudita também está a mostrar apoio à revolução tunisina e a exprimir vergonha pelo seu país tolerar a tirania. O regime egípcio adiou medidas planeadas para revogar o subsídio do estado a alguns bens de consumo básicos. Quanto a Qadafi, exprimiu o seu lamento e disse que os tunisinos deveriam ter mantido Ben Ali para sempre. Qadafi está claramente nervoso acerca de uma revolução real na fronteira líbia contrária à sua própria falsa revolução. A outro nível, a oposição egípcia agora está mais convencidas de que a resposta está na rua e nada mais. Este reviver do ideal revolucionário é universal sobre todo o mundo árabe. Na Argélia há relatos de três casos de cidadãos a atearem-se fogo, um deles confirmadamente morto. O Egipto e a Argélia parecem ser os dois países árabes em que mais repercute o que aconteceu na Tunísia.

O Hezbollah saudou a revolução tunisina e pediu a todos os líderes árabes que retirassem conclusões da mesma.

Internacionalmente, os franceses e os americanos emitiram declarações que revelam um alto nível de hipocrisia. Eles sempre apoiarem o velho regime, sabendo muito bem da sua natureza como revelou o WikLeaks , e agora não podem nos vender o seu chamado apoio às opções do povo. Eles não gostam de ver revoluções a menos que sejam orquestradas pela CIA e pelas ONGs financiadas pela CIA, como na Ucrânia, Geórgia e Líbano. Isto é uma revolução real e portanto sentem-se inquietos acerca dela.

16/Janeiro/2011


  • [*] Fundador e antigo presidente da Arab European League .

    O original encontra-se em http://mrzine.monthlyreview.org/2011/jahjah160111.html e em Abou Jahjah comments


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
  • Podemos meter a cabeça na areia...

    Podemos meter a cabeça na areia e ignorar alternativas, mas a história não pára ou a acompanhamos ou ela segue o seu caminho independente da nossa vontade...

    Crise sistémica global

    2011: o ano impiedoso
    – o cruzamento dos três caminhos para o caos mundial

    por GEAB

    Este número 51 do GEAB assinala o quinto aniversário da publicação do Global Europe Anticipation Bulletin. Ora, em Janeiro de 2006, por ocasião do GEAB Nº 1 , a equipa de LEAP/E2020 indicava nessa altura que se iniciava um período de quatro a sete anos que seria caracterizado pela "Queda do Muro do Dólar", fenómeno análogo ao da queda do Muro de Berlim que, nos anos subsequentes, levou ao desmantelamento do bloco comunista e a seguir da URSS. Hoje, neste GEAB Nº 51 que apresenta as nossas trinta e duas previsões para o ano de 2011, calculamos que o próximo ano será um ano charneira neste processo que se estende pois de 2010 a 2013. De qualquer modo, será um ano impiedoso, porque vai marcar a entrada na fase terminal do mundo anterior à crise. [1]

    A partir de Setembro de 2008, altura em que a evidência da natureza global e sistémica da crise se impôs a toda a gente, os Estados Unidos e, por detrás deles, os países ocidentais contentaram-se com medidas paliativas que apenas serviram para mascarar os efeitos de sapa da crise nos alicerces do sistema internacional contemporâneo. 2011 vai, de acordo com a nossa equipa, assinalar o momento crucial em que, por um lado, essas medidas paliativas vão ver desaparecer o seu efeito anestesiante enquanto que, pelo contrário, vão surgir em primeiro plano com toda a brutalidade as consequências da deslocação sistémica destes últimos anos. [2]

    Em resumo, 2011 vai ser marcado por uma série de choques violentos que vão fazer explodir as falsas protecções instituídas desde 2008 [3] e que vão deitar abaixo, um após outro, os "pilares" sobre os quais assenta desde há decénios o "Muro do Dólar". Só os países, as colectividades, as organizações e os indivíduos que, de há três anos a esta parte, trataram realmente de tirar lições da crise em curso para se afastar o mais depressa possível dos modelos, valores e comportamentos anteriores à crise, atravessarão incólumes este ano; os outros vão enfileirar no cortejo de dificuldades monetárias, financeiras, económicas, sociais e políticas que o ano de 2011 nos reserva.

    Portanto, como consideramos que 2011 será globalmente o ano mais caótico desde 2006, data do início dos nossos trabalhos sobre a crise, a nossa equipa concentrou-se neste GEAB Nº 51 sobre as 32 previsões para o ano de 2011, que incluem igualmente uma série de recomendações para fazer face aos choques futuros. É pois uma carta de previsão dos choques financeiros, monetários, políticos, económicos e sociais dos próximos doze meses que este número do GEAB oferece.

    A nossa equipa considera que 2011 será o ano mais difícil desde 2006, data do início do nosso trabalho de previsão da crise sistémica, porque esta se encontra na encruzilhada dos três caminhos do caos mundial. Na ausência de um tratamento de fundo para as causas da crise, desde 2008 que o mundo apenas tem recuado para saltar melhor.

    Um sistema internacional exangue

    O primeiro caminho que a crise pode tomar para gerar um caos mundial, é muito simplesmente um choque violento e imprevisível. O estado de decrepitude do sistema internacional está neste momento tão avançado que a sua coesão está à mercê de qualquer catástrofe de monta [4] . Basta ver a incapacidade da comunidade internacional para ajudar eficazmente o Haiti ao fim de um ano [5] , dos Estados Unidos para reconstruir Nova Orleães desde há seis anos, da ONU para resolver os problemas de Darfour e da Costa do Marfim desde há uma década, dos Estados Unidos para fazer avançar a paz no Próximo Oriente, da NATO para vencer os talibãs no Afeganistão, do Conselho de Segurança para dominar as questões coreana e iraniana, do ocidente para estabilizar o Líbano, do G20 par pôr fim à crise mundial, quer financeira, alimentar, económica, social, monetária… para constatarmos que no conjunto tanto da paleta das catástrofes climáticas e humanitárias, como na das crises económicas e sociais, o sistema internacional se encontra actualmente impotente.

    Evolução mensal do índice Alimentação da FAO (2010) e dos preços dos principais géneros alimentícios (2009/2010) (base 100: média 2002-2004). Com efeito, pelo menos a partir dos meados dos anos 2000, o conjunto dos grandes actores mundiais, em cuja primeira fila se encontram, claro, os Estados Unidos e o seu cortejo de países ocidentais, só age através da comunicação e da gesticulação. Na realidade, nada mais funciona: a esfera da crise gira e todos sustêm a respiração para que ela não caia na sua casa. Mas, progressivamente, a multiplicação dos riscos e dos temas de crise transformaram a roleta do casino numa roleta russa. Para o LEAP/E2020, o mundo inteiro começa a jogar a roleta russa [6] , ou melhor, a sua versão de 2011, "a roleta americana", com cinco balas no tambor.

    A subida em espiral dos preços das matérias-primas (alimentares, energéticas [7] …) vai fazer-nos lembrar 2008 [8] . Foi com efeito no semestre anterior ao colapso do Lehman Brothers e da Wall Street que se situou o episódio precedente de pronunciadas subidas dos preços das matérias-primas. E as actuais causas são da mesma natureza que as dessa altura: uma fuga para fora dos activos financeiros e monetários a favor das colocações "concretas". Nessa altura os grandes operadores fugiram dos créditos hipotecários e de tudo o que deles dependia assim como do dólar americano; hoje fogem do conjunto dos valores financeiros e dos títulos do Tesouro [9] e de outras dívidas públicas. É pois de esperar, entre a primavera de 2011 e o Outono de 2011, uma explosão da bolha quádrupla dos títulos do Tesouro, das dívidas públicas [10] , dos balancetes bancários [11] e do imobiliário (americano, chinês, britânico, espanhol,… e do comercial [12] ; tudo isto a desenrolar-se com o pano de fundo duma guerra monetária exacerbada [13] .

    A inflação induzida pelos Quantitative Easing americano, britânico e japonês e as medidas de estímulo dos mesmos, dos europeus e dos chineses, vai ser um dos factores desestabilizadores de 2011 [14] . Voltaremos a isto com maior pormenor neste GEAB Nº 51. Mas o que já é evidente no que se refere ao que se passa na Tunísia [15] , é que este contexto mundial, nomeadamente a subida dos preços dos géneros alimentícios e da energia, desemboca daqui para a frente em choques sociais e políticos radicais [16] . A outra realidade que o caso tunisino revela, é a impotência dos "padrinhos" franceses, italianos ou americanos para impedir o colapso de um "regime amigo" [17] .

    Impotência dos principais actores geopolíticos mundiais

    E esta impotência dos principais actores geopolíticos mundiais é o outro caminho que a crise pode utilizar para gerar um caos mundial em 2011. Com efeito, podemos classificar as principais potências do G20 em dois grupos cujo único ponto em comum é que não conseguem influenciar os acontecimentos de modo decisivo.

    De um lado temos o Ocidente moribundo com os Estados Unidos, por um lado, onde o ano de 2011 vai demonstrar que a liderança não passa duma ficção (ver neste GEAB Nº 51) e que tentam cristalizar todo o sistema internacional na sua configuração do início dos anos 2000 [18] ; e depois temos a Eurolândia, "soberana" em gestação que está actualmente concentrada sobretudo na adaptação ao seu novo ambiente [19] e ao seu novo estatuto de entidade geopolítica emergente [20] e que portanto não tem nem a energia nem a visão necessárias para ter peso nos acontecimentos mundiais [21] .

    E do outro lado, encontramos os BRIC (em especial a China e a Rússia) que se mostram incapazes neste momento de assumir o controlo de todo ou parte do sistema internacional e cuja única acção se limita pois a minar discretamente o que resta dos alicerces da ordem anterior à crise [22] .

    No final das contas, é pois a impotência que se generaliza [23] ao nível da comunidade internacional, reforçando não só o risco de choques importantes, mas igualmente a importância das consequências desses choques. O mundo de 2008 foi apanhado de surpresa pelo choque violento da crise, mas paradoxalmente o sistema internacional estava mais bem equipado para reagir porque estava organizado em volta de um líder incontestado [24] . Em 2011, isso já não acontece: não só já não há um líder incontestado, mas o sistema está exangue como se viu anteriormente. E a situação ainda se agravou mais pelo facto de as sociedades de um grande número de países do planeta estarem à beira da rotura sócio-económica.

    'Evolução do preço da gasolina nos Estados Unidos (2009-2011).

    Sociedades à beira da rotura sócio-económica

    É em especial o caso nos Estados Unidos e na Europa onde três anos de crise começam a ter um forte peso na balança sócio-económica, e portanto política. Os lares americanos actualmente insolventes em dezenas de milhões oscilam entre a pobreza sofrida [25] e a raiva anti-sistema. Os cidadãos europeus, encurralados entre o desemprego e o desmantelamento do Estado-providência [26] , começam a recusar-se a pagar as facturas das crises financeiras e orçamentais e tratam de procurar os culpados (a banca, o euro, os partidos políticos dos governos…).

    Mas, também no seio das potências emergentes, a transição violenta que a crise constitui conduz as sociedades para situações de rotura: na China, a necessidade de controlar as bolhas financeiras em desenvolvimento choca com o desejo de enriquecimento de sectores inteiros da sociedade e com a necessidade de emprego para dezenas de milhões de trabalhadores precários; na Rússia, a fraqueza do tecido social tem dificuldade em aceitar o enriquecimento das elites, tal como na Argélia agitada por motins. Na Turquia, no Brasil, na Índia, por toda a parte, a transição rápida que esses países experimentam desencadeia motins, protestos, atentados. Por razões perfeitamente antinómicas, para umas o desenvolvimento, para outras o empobrecimento, um pouco por toda a parte no planeta, as nossas diferentes sociedades entram em 2011 num contexto de fortes tensões, de roturas sócio-económicas que as transformam em barris de pólvora políticos.

    É a sua posição na encruzilhada destes três caminhos que torna pois 2011 um ano impiedoso. E impiedoso será para os Estados (e para as colectividades locais) que optaram por não aprender as difíceis lições dos três anos de crise que precederam e/ou que se contentaram com mudanças cosméticas que não modificaram em nada os seus desequilíbrios fundamentais. Sê-lo-á também para as empresas (e para os Estados [27] que acreditaram que a melhoria de 2010 era sinal dum regresso "à normalidade" da economia mundial. E finalmente sê-lo-á para os investidores que não compreenderam que os valores de ontem (títulos, moedas…) não podiam ser os de amanhã (pelo menos por mais anos). A História geralmente é uma "boa rapariga". Frequentemente dá um tiro de aviso antes de varrer o passado. Desta vez deu o tiro de aviso em 2008. Prevemos que em 2011 dará a varridela final. Só os actores que tentaram, mesmo com dificuldades, mesmo parcialmente, adaptar-se às novas condições geradas pela crise se poderão aguentar; quanto aos outros, o caos espera-os no fim do caminho.

    Notas:

    [1] Ou do mundo tal como o conhecemos desde 1945, para retomar a nossa descrição de 2006.

    [2] A recente decisão do ministério do Trabalho americano de alargar a cinco anos a medição do desemprego de longa duração nas estatísticas de emprego americanas, em vez de um máximo de dois anos como até agora, é um bom indicador da entrada numa nova etapa da crise, uma etapa que vê desaparecer os "hábitos" do mundo anterior. De resto, o governo americano cita "a subida sem precedentes" do desemprego de longa duração para justificar esta decisão. Fonte: The Hill , 28/12/2010.

    [3] Estas medidas (monetárias, financeiras, económicas, orçamentais, estratégicas) estão a partir de agora estreitamente ligadas. É por isso que serão atingidas numa série de choques sucessivos

    [4] Fonte: The Independent , 13/01/2011

    [5] Ainda é pior, visto que foi a ajuda internacional que levou para a ilha a cólera que já fez milhares de mortos.

    [6] De resto, Timothy Geithner, o ministro americano das Finanças, pouco conhecido pela sua imaginação transbordante, acaba de indicar que "o governo americano podia ter que fazer de novo coisas excepcionais", referindo-se ao plano de salvamento dos bancos de 1008. Fonte: MarketWatch , 13/01/2011

    [7] De resto, a Índia e o Irão estão em vias de preparar um sistema de câmbio "ou contra petróleo" para tentar evitar roturas de abastecimento. Fonte: Times of India , 08/01/2011.

    [8] O índice FAO dos preços alimentícios acaba de ultrapassar, em Janeiro de 2011 (com 215) o seu anterior recorde de Maio de 2008 (com 214).

    [9] Os bancos da Wall Street estão actualmente a desembaraçar-se a grande velocidade (sem equivalente desde 2004) dos seus Títulos do Tesouro americanos. A explicação oficial é "a notável melhoria da economia dos EUA que já não justifica refugiarem-se nos Títulos do Tesouro". Bem entendido, têm toda a liberdade de acreditar nisso, como acontece com o jornalista da Bloomberg de 10/01/2011.

    [10] Assim, a Eurolândia avança já a grandes passadas pelo caminho descrito no GEAB Nº 51 de um corte no caso do refinanciamento das dívidas de um Estado membro; enquanto que daqui para a frente as dívidas japonesa e americana se apressam a entrar na borrasca. Fontes: Bloomberg , 07/01/2011; Telegraph , 05/01/2011.

    [11] Calculamos que, de modo geral, os balanços dos grandes bancos mundiais contêm pelo menos 50% de activos fantasmas em que o ano que entra vai impor um corte de 20% a 40% provocado pelo regresso da recessão mundial com a austeridade, pela subida dos incumprimentos dos empréstimos da habitação, das empresas, das colectividades, dos Estados, das guerras monetárias e do regresso da queda do imobiliário. Os "stress-tests" americano, europeu, chinês, japonês ou outros bem podem continuar a tentar tranquilizar os mercados com cenários "cor-de-rosa", só que este ano o que está no programa dos bancos é um "filme de terror". Fonte: Forbes , 12/01/2011.

    [12] Cada um destes mercados imobiliários vai continuar a baixar fortemente em 2011 para os que já iniciaram a sua queda nos últimos anos ou, no caso chinês, vai iniciar o seu esvaziamento brutal num fundo de abrandamento económico e de rigor monetário.

    [13] A economia japonesa é de resto uma das primeiras vítimas desta guerra das divisas, com 76% dos chefes de empresas das 110 maiores sociedades nipónicas sondadas pelo Kyodo News a declararem-se pessimistas quanto ao crescimento japonês em 2011 na sequência da subida do iene. Fonte: JapanTimes , 04/01/2011.

    [14] Eis alguns exemplos edificantes reunidos pelo excelente John Rubino. Fonte: DollarCollapse , 08/01/2011

    [15] Lembramos que, no GEAB Nº 48 , de 15/10/2010, classificámos a Tunísia entre os "países de alto risco" para 2011.

    [16] De resto, não há qualquer dúvida de que o exemplo tunisino gera uma onda de reavaliação entre as agências de classificações e os "especialistas em geopolíticas" que, como de costume, não previram o futuro. O caso tunisino ilustra igualmente o facto de que, a partir de agora, são os países satélites do Ocidente em geral, e dos Estados Unidos em particular, que estão na via dos choques de 2011 e dos próximos anos. E confirma o que temos vindo a repetir regularmente, uma crise acelera todos os processos históricos. O regime Ben Ali, velho de vinte e três anos, desmoronou-se em poucas semanas. Quando está presente a obsolescência política, tudo vacila rapidamente. Ora é o conjunto dos regimes árabes pró-ocidentais que já está obsoleto, à luz dos acontecimentos na Tunísia.

    [17] Sem dúvida que esta paralisia dos "padrinhos ocidentais" vai ser cuidadosamente analisada em Rabat, no Cairo, em Djeddah e em Aman, por exemplo.

    [18] Configuração que lhes era a mais favorável visto que sem contrapeso quanto à sua influência.

    [19] Aqui voltaremos com maior pormenor neste número do GEAB, mas do ponto de vista da China, não há engano possível. Fonte: Xinhua , 02/01/2011

    [20] Pouco a pouco os europeus descobrem que estão dependentes de outros centros de poder para além de Washington: Pequim, Moscovo, Brasília, Nova Delhi,… entram muito lentamente na paisagem dos parceiros essenciais. Fonte: La Tribune, , 05/01/2011; Libération , 24/12/2010; El Pais , 05/01/2011

    [21] Toda a energia do Japão está concentrada na sua tentativa desesperada de resistir à atracção chinesa. Quanto aos outros países ocidentais, não estão em condições de influenciar significativamente as tendências mundiais.

    [22] O lugar do dólar americano no sistema mundial faz parte desses últimos alicerces que os BRIC corroem activamente dia após dia.

    [23] Em matéria de défice, o caso americano é exemplar. Para além do discurso, tudo continua como antes da crise com um défice em aumento exponencial. No entanto, até o próprio FMI toca a sineta de alarme. Fonte: Reuters , 08/01/2011

    [24] De resto, o próprio Market Watch de 12/01/2011, fazendo-se eco do Fórum de Davos, inquieta-se com a ausência de coordenação internacional, que só por si é um enorme risco para a economia mundial.

    [25] Milhões de americanos recorrem aos bancos alimentares pela primeira vez na sua vida, enquanto que na Califórnia, como em muitos outros estados, o sistema educativo se desagrega rapidamente. No Illinois, os estudos sobre o défice do Estado comparam-no agora ao Titanic. 2010 bate o recorde das penhoras imobiliárias. Fontes: Alternet , 27/12/2010; CNN , 08/01/2011; IGPA-Illinois , 01/2011; LADailyNews , 13/01/2011

    [26] A Irlanda, que enfrenta uma reconstrução pura e simples da sua economia, é um bom exemplo de situações futuras. Mas, a própria Alemanha, embora com resultados económicos notáveis actualmente, não escapa a esta evolução, como demonstra a crise do financiamento das actividades culturais. Enquanto que no Reino Unido, milhões de pensionistas vêem as suas receitas amputadas pelo terceiro ano consecutivo. Fontes: Irish Times , 31/12/2010; Deutsche Welle , 03/01/2011; Telegraph, 13/01/2011

    [27] Sobre este assunto, os dirigentes americanos confirmam que esbarram direitinhos contra o muro das dívidas públicas, por não se terem previsto as dificuldades. Com efeito, a recente declaração de Ben Bernanke, o patrão do FED, em que afirma que o Fed não ajudará os Estados (30% de redução nas receitas fiscais em 2009, segundo o Washington Post de 05/01/2011) nem as cidades que sucumbem sob o peso das dívidas, assim como a decisão do Congresso de suspender a emissão das "Build American Bonds" que evitaram que os Estados fossem à falência nos últimos dois anos, ilustram a cegueira de Washington que só tem equivalente com a que deu provas em 2007/2008 perante a subida das consequências da crise dos "subprimes". Fontes: Bloomberg , 07/01/2011; WashingtonBlog 13/01/2011

    15/Janeiro/2011

    O original encontra-se em www.leap2020.eu/ . Tradução de Margarida Ferreira.

    Este comunicado público encontra-se em http://resistir.info/ .

    sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

    Cavaco Silva e o BPN, Um caso de amores...

    A reforma da pobre professora Maria Cavaco Silva

    Percebe-se agora a afirmação de quando eram uns "míseros
    professores"... Afinal a reforma dela só dá 800... Ele compensa com os
    mais de 10.000 das suas...

    Quem acredita que uma Professora da Católica receba uma reforma de 800
    Euros? Será que a Católica está a fugir ao Fisco? Aproveito para
    escrever a declaração de rendimentos desta Senhora que ao contrário do
    habitual, declarou os seus rendimentos pessoais na declaração do
    marido feita em 14/12/2010

    DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS DE MARIA CAVACO SILVA: CONTA À ORDEM NO BCP
    882022 ( 1ª TITULAR )
    21.297,61 EUROS . ACÇÕES NO BPI 6287 - ACÇÕES NO BCP 70.475 - BRISA
    500 - COMUNDO 12 - ZON 436 - JERONIMO MARTINS 15.000 -

    DEPOSITO A PRAZO 350.000,00 EUROS VENCIMENTO 04/04/2011 - OBRIGAÇÕES -
    BCP FINANCE 330 UNIDADES JUROS PERPÉTUA 4.239% - FUNDOS DE
    INVESTIMENTO FUNDO AVACÇÕES DE PORTUGAL 2.340 UNIDADES - MILLENIUM
    EURO CARTEIRA 4.324.138 UNIDADES - POJRMF FUNDES EURO BAND EQUITY FUND
    118.841.510 UNIDADES. . PPR 52.588,65 EUROS.

    BPI CONTA Nº 60933.5 DEPÓSITO À ORDEM 6.557 EUROS - DEPÓSITO A PRAZO
    140.000,00 JURO 2,355% VENCIMENTO 21/02/2011 - 70.000.00 EUROS JUROS
    2.355% VENCIMENTO 20.03.2011.

    Para uma reformada de 8oo euros esta poupança é bestial, e como o
    MARIDO ANDA PELA TELEVISÃO A DIZER QUE PERDEU MUITO DINHEIRO COM AS
    ACÇÕES DO BPN, AQUI ESTÁ UMA VERDADEIRA INVESTIDORA E O MARIDO É UM
    BURRO DO POÇO DE BOLIQUEIME.

    QUEM SABE UM DOS ANÓNIMOS AINDA VEM A CASAR COM ESTA POSSIVEL VIUVA
    RICA? GRANDES MENTIROSOS, A CADA CAVADELA SAI UMA MENTIRA!

    BASTA DE MENTIRAS!

    BASTA DE HIPOCRISIA!

    9 . 7 1 0 . 5 3 9 . 9 4 0 , 0 9 ? (NOVE-MIL-SETECENTOS-E-DEZ-MILHÕES-DE-EUROS)

    CASO BPN: ESCÂNDALO E IMPUNIDADE

    A burla cometida no BPN não tem precedentes na história de Portugal !!!

    O montante do desvio atribuído a Oliveira e Costa, Luís Caprichoso, Francisco Sanches e Vaz Mascarenhas é algo de tão elevado, que só a sua comparação com coisas palpáveis nos pode dar uma ideia da sua grandeza.

    Com 9.710.539.940,09 ? (NOVE MIL SETECENTOS E DEZ MILHÕES DE EUROS.....) poderíamos:

    Comprar 48 aviões Airbus A380 (o maior avião comercial do mundo).

    Comprar 16 plantéis de futebol iguais ao do Real Madrid.

    Construir 7 TGV de Lisboa a Gaia.

    Construir 5 pontes para travessia do Tejo.

    Construir 3 aeroportos como o de Alcochete.

    Para transportar os 9,7 MIL MILHÕES DE EUROS seriam necessárias 4.850 carrinhas de transporte de valores!

    Assim, talvez já se perceba melhor o que está em causa.

    Distribuído pelos 10 milhões de portugueses,

    caberia a cada um cerca de 971 ? !!!

    Então e os Dias Loureiro e os Arlindos de Carvalho onde andam?!
    E que tamanho deveria ter a prisão para albergar esta gente?!



    Pequenina, mesmo muito piquenina, tipo gaiola de galinaceos

    quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

    ALGUNS COMANDOS DA PSP, AINDA PENSAM ESTAR NO TEMPO DA VELHA SENHORA...ESQUECEM QUE HOJE É LIVRE A CIRCULAÇÃO DE PESSOAS...

    CGTP-IN SOLIDÁRIA COM OS DIRIGENTE SINDICAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DETIDOS ILEGITIMAMENTE PELA PSP


    Ontem, pelas 16:30, junto à residência oficial do Primeiro-Ministro, a Polícia de Segurança Pública, comandada pelo Chefe Américo Nunes, prendeu dois dirigentes sindicais: o José Manuel Marques, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local -STAL e o Marco Rosa, da Federação Nacional dos Professores - FENPROF. A detenção dos dois dirigentes sindicais ocorreu após a realização de uma concentração, devidamente legalizada, quando os dirigentes participantes desmobilizaram e se dirigiam para as suas residências.

    Com efeito, terminada a concentração, os participantes na concentração entenderam, legitimamente, e no uso pleno dos seus direitos de circulação na via pública, sair pela Calçada da Estrela, no que foram impedidos pela polícia.

    A detenção ilegítima dos dois dirigentes ocorre por responsabilidade exclusiva das forças policiais que, mandadas pelo Governo, e recorrendo a formas de actuação próprias dos regimes autoritários, tentaram intimidar e consequentemente impedir o exercício do direito ao protesto contra as suas medidas anti-sociais e a redução dos salários impostas aos trabalhadores portugueses e, particularmente, aos da Administração Pública.

    Estes acontecimentos lamentáveis reflectem a arrogância e o desnorte do Governo, que reage em face das medidas injustas e anti-sociais que vem adoptando e que levam ao descontentamento crescente dos trabalhadores e das populações, com o objectivo de calar o protesto.

    A CGTP-IN não tolera estas formas de actuação e continuará a bater-se pelo exercício dos direitos sindicais e pela defesa intransigente dos direitos e liberdades democráticas consagradas na Constituição da República Portuguesa, razão pela qual reclama a absolvição dos dois dirigentes sindicais.

    A CGTP-IN sempre actuou de forma responsável, no quadro do regime democrático, razão pela qual exige do Governo que este tipo de actuação não volte a repetir-se.

    A CGTP-IN exorta todos os trabalhadores do sector público e privado a exercerem os seus direitos de cidadania, designadamente o direito constitucional à resistência contra as medidas injustas e imorais de que estão a ser vítimas e a prosseguir a luta pela melhoria das suas condições de vida e de trabalho.

    DIF/CGTP-IN

    Lisboa, 19.01.2011

    quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

    E já que falamos em totalitarismos, em despedimentos, em pobreza, analisemos o país da liberdade. Que se passa nos estados unidos ???


    Uma pequena busca na NET, mostra em que ponto se encontra a população dos Estados Unidos, segundo dados dos seus próprios serviços de estatisticas...Por aqui se pode ver a diferença entre um país onde as pessoas são o objectivo do desolvimento da sociedade e um país onde as grandes multinacionais continuam a sugar toda a riqueza, deixando um rasto de pobreza equiparada aos países subdesenvolvidos. Segundo dados de alguns comentaristas, mais de 50 MILHÕES de pessoas, vivem de senhas de alimentação nos estados unidos...a sopa dos pobres! Isto para não falar dos milhões que não têm assistência médica, que não têm casa, que não têm trabalho!

    Claro que estas noticias não passam nas TVs oficiais...do ocidente.

    O número de pobres nos Estados Unidos aumentou quase quatro milhões, para 43,7 milhões no último ano, o valor mais elevado desde que os censos começaram a registar dados sobre pobreza na América, escreve a Lusa.

    A taxa de pobreza aumentou, de 13,2 por cento em 2008 para 14,3 por cento em 2009, o que representa uma em cada sete pessoas, a percentagem mais elevada desde 2004, disse aos jornalistas David Johnson, o director do gabinete da divisão da económica familiar do Departamento de Censos dos EUA.

    Entre a população jovem (abaixo de 18 anos) a taxa de pobreza é ainda maior, passando de 19% em 2009 para 20,7% no ano passado.

    O aumento na pobreza infantil que observamos em 2009 é um duro golpe para o nosso país e para a nossa economia”, disse o economista Harry Holzer, da Universidade de Georgetown.

    Os custos da pobreza infantil permanecerão por muitos anos na forma de baixo desempenho escolar, trabalhadores menos produtivos e maiores gastos com saúde.”

    Segundo o escritório do censo, o número de pessoas sem plano de saúde aumentou de 46,3 milhões em 2008 para 50,7 milhões em 2009.

    Esse aumento, de acordo com os analistas do órgão, ocorreu principalmente por causa da perda de planos de saúde pagos pelos empregadores durante a recessão.”

    Enquanto os trabalhadores são encaminhados para a miséria, o esforço de guerra americana intensifica-se, aumentando todos os anos o investimento na guerra...viva a democracia!

    Este é o caminho para onde os pensadores/comentadores (bem pagos) das nossas televisões nos querem levar, o neoliberalismo selvagem, a economia dos abutres.

    Há outros caminhos e o exemplo da américa latina, libertada do jugo americano, (ALBA- Aliança Bolivariana para os povos de América) e Brasil, onde o abandono da subserviência aos Estados Unidos foi abandonada e as riquezas dos países postas ao serviço das suas populações mostram bem que outro mundo é possível, senão inevitável.

    Por isso, dia 23 de Janeiro, abre a pestana, ousa acreditar que é possível mudar o rumo deste país com séculos de história. Já reconquistamos a independência por várias vezes na nossa história, estamos de novo num período histórico em que isso se torna necessário.

    Dia 23 só tem um candidato com vontade e capacidade de devolver o país aos Portugueses: FRANCISCO LOPES !




    Cuba é uma ditadura! O estado totalitário controla toda a economia! Em 2011 vão ser despedidos mais de 500.000 trabalhadores do estado!


    È com este tipo de parangonas que a comunicação social, que se diz independente (de quem?), nos massacra assiduamente, tentando esconder a verdade.

    Falemos um pouco da verdade escondida por detras dos slogans das fábricas de informação.

    A paradoxo desta informação social, é que se o estado controla, é totalitário, se abre a economia, vai despedir os desgraçados dos trabalhadores...a verdade é bem diferente como se pode ler abaixo.

    Mais de 85 000 pessoas, a maioria sem emprego formal, pediu licença para trabalho independente desde o final de outubro do ano passado, informa o jornal Granma.

    Até o final do ano passado, 75 061 novas licenças foram concedidas para a Auto-Emprego e 8 342 estavam em processo, uma vez que foi aprovada a extensão e flexibilidade desta atividade.

    Segundo o monitoramento realizado pelo Ministério do Trabalho e da Segurança Social, o total de 83 403 pessoas licenciadas ou em processo, 68% não tinham qualquer relação de emprego, 16% trabalhadores e 15% aposentados. A fim de aderir ao regime especial de segurança social, havia 56 698 pessoas.

    Entre os mais procurados, mantiveram-se nos dois primeiros lugares no desenvolvimento e venda de produtos alimentares, com 22% dos títulos emitidos ou em processo, e os trabalhadores contratados, que respondem por 16%.

    Isso é seguido por transporte de passageiros e de carga (5%), os produtores vendedores sundries usar em casa (4%) e habitação para arrendamento e mensageiros, ambos com 3%.

    Em números, que não excedem 2 000, mas superou mil, são os construtores, coletores, vendedores de matérias-primas, manicure, carpinteiros e sapateiros.

    Na cabeça das províncias com maior número de licenças continua a capital, seguida por Camagüey, os territórios de Ártemis e Mayabeque e Matanzas.

    Salvador Valdez, secretário-geral do CTC (Central de Trabalhadores Cubanos)

    As estimativas do governo cubano são que em 2011 haverá definitivamente 146 000 empregos e cerca de 351 000 funcionários públicos estarão disponíveis para assumir outro emprego, como parte do processo de actualização do modelo da economia cubana.

    Destes, 351 000 pessoas, pelo menos, 100 000 estão incorporados no domínio do auto-emprego, de acordo com estimativas.

    O plano de trabalho de reestruturação que prevê a redução das folhas de pagamento e da adição de 1,8 milhão de trabalhadores não-estatais do setor econômico no prazo de cinco anos, será ratificado pelo Partido Comunista em seu VI Congresso, marcado para o segundo semestre Abril do próximo ano.

    Valdez salientou que o sindicato, representando os trabalhadores devem "evitar as violações, o paternalismo, clientelismo e outras tendências negativas".

    Ele também pediu "a necessidade de convencer a implementação destas medidas para a economia do país, com a garantia de que, afinal, ninguém será abandonado."

    A extensão da auto-emprego em Cuba com a possibilidade de criação de pequenas empresas e negócios, é uma das principais medidas tomadas para melhorar modelo socialista da ilha.

    Em 2009, houve em Cuba um total de 143 mil 800 trabalhadores por conta própria.

    Para 2011 espera-se que 250 000 pessoas aderiram a esta atividade e assim aumentar o impacto de um aumento das receitas fiscais de um bilhão de dólares no próximo ano.”

    Ou seja, o estado abriu a economia aos pequenos e médios empresários...mas até isso serve de desculpa para o inqualificável ataque que os média tentam fazer aquele pequeno país (10 milhões como nós) que resiste há 50 anos ao mais vergonhoso bloqueio da história da humanidade, por diversas vezes denunciado na ONU e com diversas deliberações aprovadas impondo o seu fim (a ultima em 2010 votada favorávelmente por cerca de 170 países a favor e 4 contra (USA, Israel, Ilhas Palau e ...um ofshore qualquer...).

    Háááá´...mas em Cuba não se respeitam os direitos humanos...Lembro apenas, que Cuba foi eleita em 2010 para a vice-presidência da comissão de direitos humanos com sede em Geneve...

    Podem vociferar os energumenos da (des)informação, mas a verdade sempre vem á tona....é como o azeite!

    terça-feira, 11 de janeiro de 2011

    Médicos cubanos no Haiti deixam o mundo envergonhado...



    Números divulgados na semana passada mostram que o pessoal médico cubano, trabalhando em 40 centros em todo o Haiti, tem tratado mais de 30.000 doentes de cólera desde outubro. Eles são o maior contingente estrangeiro, tratando cerca de 40% de todos os doentes de cólera. Um outro grupo de médicos da brigada cubana Henry Reeve, uma equipe especializada em desastre e em emergência, chegou recentemente. Uma brigada de 1.200 médicos cubanos está operando em todo o Haiti, destroçado pelo terremoto e pela cólera. Enquanto isso, a ajuda prometida pelos EUA e outros países... O artigo é de Nina Lakhani, do The Independent

    Nina Lakhani - The Independent

    Eles são os verdadeiros heróis do desastre do terremoto no Haiti, a catástrofe humana na porta da América, a qual Barack Obama prometeu uma monumental missão humanitária dos EUA para aliviar. Esses heróis são da nação arqui-inimiga dos Estados Unidos, Cuba, cujos médicos e enfermeiros deixaram os esforços dos EUA envergonhados.

    Uma brigada de 1.200 médicos cubanos está operando em todo o Haiti, rasgado por terremotos e infectado com cólera, como parte da missão médica internacional de Fidel Castro, que ganhou muitos amigos para o Estado socialista, mas pouco reconhecimento internacional.

    Observadores do terremoto no Haiti poderiam ser perdoados por pensar operações de agências de ajuda internacional e por os deixarem sozinhos na luta contra a devastação que matou 250.000 pessoas e deixou cerca de 1,5 milhões de desabrigados. De fato, trabalhadores da saúde cubanos estão no Haiti desde 1998, quando um forte terremoto atingiu o país. E em meio a fanfarra e publicidade em torno da chegada de ajuda dos EUA e do Reino Unido, centenas de médicos, enfermeiros e terapeutas cubanos chegaram discretamente. A maioria dos países foi embora em dois meses, novamente deixando os cubanos e os Médicos Sem Fronteiras como os principais prestadores de cuidados para a ilha caribenha.

    Desde 1998, Cuba treinou 550 médicos haitianos gratuitamente na Escola Latinoamericana de Medicina em Cuba (Elam), um dos programas médicos mais radicais do país. Outros 400 estão sendo treinados na escola, que oferece ensino gratuito - incluindo livros gratuitos e um pouco de dinheiro para gastar - para qualquer pessoa suficientemente qualificada e que não pode pagar para estudar Medicina em seu próprio país.

    Um terço dos 75 mil médicos de Cuba, juntamente com 10.000 trabalhadores de saúde, estão atualmente trabalhando em 77 países pobres, incluindo El Salvador, Mali e Timor Leste. Isso ainda deixa um médico para cada 220 pessoas em casa, uma das mais altas taxas do mundo, em comparação com um para cada 370 na Inglaterra.

    John Kirk é um professor de Estudos Latino-Americanos na Universidade Dalhousie, no Canadá, que pesquisa equipes médicas internacionais de Cuba. Ele disse: "A contribuição de Cuba, como ocorre agora no Haiti, é o maior segredo do mundo. Eles são pouco mencionados, mesmo fazendo muito do trabalho pesado.".

    (in Pátria Latina)

    segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

    Lições da pequena ilha de gelo que detonou os agiotas internacionais

    Alex Corsini, no Monitor Mercantil

    Espetacular é a recuperação de economia da Islândia após a forte reação de seu povo, o qual, por intermédio de um plebiscito, pulverizou a política da moribundo governo social-democrata do país que havia sucumbido aos agiotas emprestadores internacionais, obrigando-o a não pagar aos depositantes estrangeiros as dívidas dos bancos privados da Islândia, deixando-os a falir.

    "A queda provou-se menos profunda do que se previa", confessa Marc Flanigan, chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) na Islândia, que se declara entusiasmado pelo fato de os islandeses terem conseguido proteger "o valioso modelo escandinavo de previdência social".

    A Islândia, país que não pertence à Zona do Euro, enfrentou a falência do país com uma política total. Primeiro, desvalorizou a moeda nacional - a coroa islandesa - e decretou controles e restrições à circulação de capitais.

    Inicialmente, a coroa foi desvalorizada contra o dólar em 50%, mas a desvalorização já está limitada a 30%, e continua contraindo-se. A mais baixa paridade da coroa resultou, imediatamente, em aumento das exportações e redução das importações, substituindo uma de suas parcelas com produtos locais, tendo como resultado a balança comercial da Islândia já registrar superávit.

    O Produto Interno Bruto (PIB) do país aumentou 1,2% no terceiro trimestre do ano passado. A inflação, que havia explodido a 18,6%, já despencou para perto de 2,5%, meta fixada pelo Banco Central do país. O déficit no orçamento será em torno de 6,3% do PIB e, rapidamente, talvez ainda dentro de 2011, será levado ao superávit. A dívida pública, que havia explodido a 115% do PIB, será gradualmente reduzido a 80% do PIB até 2015.

    Estatização com vantagens

    A segunda medida que tomaram os islandeses foi deixarem todos os bancos privados falirem. Em seguida, os estatizaram, mas sob as seguintes condições:

    1 - Os bancos nacionalizados reconheceram e garantiram todos os depósitos dos cidadãos irlandeses, não permitindo que ninguém perdesse sequer uma coroa.

    2 - Os empréstimos que os irlandeses haviam tomado dos bancos privados foram transferidos aos agora estatizados, mas, pelo fato de a coroa ter sido desvalorizada, foi reduzido, também, o valor nominal dos empréstimos contraídos, além de outras facilidades de resgate que o governo proporcionou aos devedores, para enfrentarem as dificuldades provocadas pela crise, particularmente, nos primeiros momentos (congelamento do resgate dos empréstimos por vários meses e outros).

    3 - Os bancos estatizados não reconheceram nenhum compromisso dos bancos privados falidos em países do exterior. Assim, os contribuintes islandeses carregaram em suas costas os ônus de salvação de seus próprios depósitos e transferiram aos investidores e depositantes estrangeiros a conta de suas transações com os bancos privados que faliram. Razoável.

    A revista britânica The Economist escreve: "A recuperação da economia islandesa mostra que o custo extra para um país que não apóia seus bancos poderá ser surpreendentemente pequeno. A Islândia deixou seus bancos privados falirem e seu PIB despencou 15% - do mais alto ao mais baixo ponto - antes, ainda, de iniciar sua recuperação. A Irlanda salvou seus bancos e verificou queda de seu PIB em 14%".

    União que não ajuda

    Se alguém calcular que o déficit de orçamento da Irlanda decolou ao impensável 32% do PIB e a dívida pública explodiu, de 25% do PIB, em 2007, para 100%, ano passado, e atingirá 120% do PIB, em 2013, com o desemprego atingindo na Irlanda 14,1% - contra 7,3% na Islândia - facilmente chega à conclusão que a "obediente" Irlanda encontra-se em situação muito pior do que a "desobediente" Islândia.

    "A lição de moral da história é que, se o choque de uma desvalorização pode municiar a explosão de uma crise violenta e muito mais dolorosa, uma severa política de frugalidade e deflação por causa da dívida provocam mais e maiores prejuízos", conclui o jornal britânico Daily Telegraph.

    "Uma lição das opções contrárias da Islândia e Irlanda é que os benefícios pelo fato de um pequena país pertencer a uma grande união monetária não é nada daquilo que outrora parecia que fosse ditirâmbico", escreve a Economist, que continua: "Quando investidores em pânico abandonavam as moedas menores no outono de 2008, o euro surgia como refúgio seguro. Porém, dois anos após, o euro é parecido mais com uma armadilha para países que lutam para reconquistar sua competitividade nas exportações. A Grécia e a Irlanda perderam a confiança dos mercados, apesar de ambos emitirem bônus estatais em euros. Quanto aos islandeses, que, inicialmente, consideravam o euro sua tábua de salvação, agora não querem sequer ouvir sobre ele".

    sábado, 8 de janeiro de 2011

    Em Cuba vão ser "despedidos" 500.000 trabalhadores....é disto que fala a TV portuguesa, sem saber na verdade do que fala...dos avanços, nada!

    4,5!

    O ano 2010 encerra com uma taxa de mortalidade infantil de 4,5 em cada 1.000 nascidos vivos, a mais baixa registrada em nosso país em toda sua história. Villa Clara lidera a relação: 2,5. Mais sete províncias e o município especial Isla de la Juventud mostram taxas abaixo de 5,0. Existem 23 municípios com zero mortalidade. Ocorreram 127 710 nascimentos

    José A. de la Osa

    UM justo olhar ao comportamento das taxas de mortalidade infantil, nos últimos 51 anos, nos permite compreender os desvelos da Revolução a favor da saúde e do bem-estar da mãe e da criança.

    A taxa atingida em 2010 — 4,5 em cada mil nascidos vivos, sem precedentes em Cuba — não é mais do que a confirmação desse esforço constante e colossal de um país pobre e criminalmente bloqueado, que conseguiu se colocar como a nação das Américas com mais baixa mortalidade infantil, indicador internacional que mede a qualidade com que uma sociedade atende e protege às gestantes, às puérperas e às crianças.

    No ano recém-concluído ocorreram 127.710 nascimentos. Em relação com 2009 este número representa uma diminuição na natalidade de 2.326 crianças, embora caiba destacar que em 2010 houve 45 mortes menos. Villa Clara consegue a mortalidade mais baixa do país (2,5), e mais sete províncias se colocam abaixo de 5,0: Holguín, 3,0; Cienfuegos e Matanzas, 3,7; Camagüey, 4,4; Granma, 4,7; Pinar del Río e Sancti Spíritus, 4.9. O município especial Isla de la Juventud registra 2,8. As províncias com um resultado superior a 5,0 não ultrapassam a taxa de 5,7, um sinal da equidade de nosso sistema social.

    Entre os fatores que contribuíram para estas taxas favoráveis se encontram, em primeiro lugar, a vontade política do governo revolucionário de oferecer atendimento de saúde a todos os cidadãos, com especial esmero às mães e às crianças; a existência de um alto grau de escolarização da população; um programa de vacinação que abrange 13 doenças, com uma cobertura de praticamente cem por cento das crianças, o que conduziu à erradicação e controle de várias afecções, que se podem prevenir mediante a imunização.

    Ainda, porque o país dispõe de um sistema de saúde universal, acessível e gratuito para toda a população, sustentado em uma ampla rede de centros assistenciais e instituições de atendimento primário, junto a sistemáticas campanhas de promoção e prevenção.

    Em geral, as despesas por habitante na saúde que eram de 3,72 pesos em 1959 (com uma população de uns sete milhões), no ano passado (2010) se elevaram até os 576 pesos per capita, para 11,2 milhões de habitantes.

    A liberdade de imprensa nos Estados Unidos...lá como cá as diferenças não são muitas...

    Denunciam pagamentos a jornalistas que cobriram caso dos Cinco

    WASHINGTON — Aqueles que reclamam a liberdade dos Cinco antiterroristas cubanos presos nos Estados Unidos denunciaram, em 2 de junho, pagamentos a jornalistas que fizeram a cobertura do caso em Miami entre dezembro de 1999 e dezembro de 2001, noticiou a Notimex.

    A diretora do Grêmio Nacional de Advogados (National Lawyers Guild), Heidi Boghosian, denunciou numa coletiva um plano arquitetado para "manchar os procedimentos judiciais" e influenciar nos veredictos.

    Dessa maneira, "os acusados foram privados do celebrado direito" à Sexta Emenda da Constituição estadunidense, que garante o direito a um julgamento justo e a um júri imparcial, assinalou.

    "Sem dúvida, os artigos enganosos e pejorativos escritos por repórteres pagos pelo governo tiveram impacto na opinião pública, no tribunal" e na corte de apelações no caso dos cubanos, apontou.

    Gloria de la Riva, coordenadora do Comitê Nacional para a Libertação dos Cinco, assinalou que o pagamento aos jornalistas por parte do governo constitui "uma violação da lei que proíbe a propaganda doméstica".

    Indicou que os pagamentos a jornalistas de Miami foram feitos pela Junta de Transmissões a Cuba e pela Junta de Governadores das Transmissões dos Estados Unidos (BBG), por meio da Rádio e da TV Martí.

    "O que faz os pagamentos secretos mais flagrantes é que foram feitos pelo próprio governo (estadunidense) que processou os Cinco cubanos", asseverou.

    Destcou que a maior audiência da TV e da Rádio Martí "está dentro dos Estados Unidos, em Miami, Flórida", onde foi escolhido o júri no caso dos cubanos, que depois foram condenados a penas desde 15 anos até duas penas de prisão perpétua.

    "Apesar de solicitarmos informação até de 1996, a BBG apenas nos forneceu informação a partir de novembro de 1999", sob a lei de Liberdade de Informação (FOIA), sustentou De la Riva.

    Mencionou o jornalista Wilfredo Cancio, repórter do diário El Nuevo Herald, que recebeu US$4.725 entre 30 de setembro de 2000 e 3 de dezembro de 2001.

    De la Riva citou também pagamentos entre 1999 e 2001 de US$11.700 a Ariel Remos, do Diario Las Americas; US$58.600, ao jornalista Pablo Alfonso; US$5.200, ao diretor da Rádio Mambí, Enrique Encinosa, e US$1.125 à editora da página de opinião do Diario Las Américas, Helen Ferré.

    Gerardo, Ramón, Antonio, Fernando e René, foram "prejudicados irreparavelmente pelo mar de preconceitos gerados pela imprensa de Miami", indicou.

    Os participantes da entrevista coletiva anunciaram uma campanha por parte duma coalizão de organizações para exigir do procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, uma "ação imediata" para libertar os Cinco

    Mais uma verdade, que as nossas televisões não falam..."democracia" made in USA.

    Revelações de WikiLeaks põem a nu intervenção dos EUA no golpe de Estado em Honduras

    Jean-Guy Allard

    O golpe de Estado em Honduras em 2009 foi "ilegal e inconstitucional", reconheceu o embaixador norte-americano em Tegucigalpa, o cubano-americano Hugo Llorens, ex-colaborador de Otto Reich, cujo papel nos acontecimentos ainda não foi esclarecido. Uma análise de Llorens aparece entre os documentos estadunidenses revelados por WikiLeaks, um site na internet que se dedica a revelar informação secreta.

    Hugo Llorens, embaixador dos EUA em Honduras, sabia que o golpe de Estado contra o presidente Manuel Zelaya era ilegal e inconstitucional.
    Hugo Llorens, embaixador dos EUA em Honduras, sabia que o golpe de Estado contra o presidente Manuel Zelaya era ilegal e inconstitucional.

    O documento, assinado por Llorens e enviado ao Departamento de Estado, também reconhece que a carta de "renúncia" de Zelaya foi "fabricada", sem dar detalhes das evidências de que dispõe. O embaixador norte-americano confirmou que "nenhum dos argumentos mencionados pelos golpistas para justificar o sequestro e expulsão do presidente constitucional Manuel Zelaya têm validez sob a constituição hondurenha, enquanto alguns são evidentemente falsos e outros "simples suposições".

    Indica como os recontos do sequestro de Zelaya realizados pelos militares referem que jamais lhe foi apresentada legalmente uma ordem judicial, "que os soldados abriram a tiros as fechaduras e sequestraram o presidente".

    Llorens não menciona a cumplicidade das forças militares norte-americanas presentes em Honduras na operação realizada pelo exército salvadorenho para tirar do país, via aérea, o chefe de Estado. A advogada e pesquisadora estadunidense, Eva Colinger, demonstrou nas semanas que seguiram ao golpe que a base militar Soto Cano, que os Estados Unidos mantém em território hondurenho, teve um papel fundamental no derrubamento do presidente Manuel Zelaya.

    O documento é um das centenas de milhares de despachos secretos do Departamento de Estado ao jornal espanhol El País, The New York Times, The Guardian na Grã-Bretanha, ao francês Le Monde e à revista alemã Der Spiegel, publicações que não são conhecidas por serem críticas do governo norte-americano.

    Num parágrafo que parece tragicômico, Llorens assinala que "segundo a lógica do argumento 239", evocado pelos golpistas, "Micheletti deveria ser forçado a renunciar já que como presidente do Congresso considerou uma legislação para ter uma quarta urna "Quarta Urna" nas eleições de novembro de 2009 para solicitar a aprovação dos votantes sobre uma assembleia constituinte para reescrever a Constituição".

    "Qualquer membro do Congresso que debateu a proposta também deveria ser separado de ofício, e o candidato presidencial do Partido Nacional, Pepe Lobo, que fez sua a ideia, deve ser inabilitado para exercer cargos públicos por 10 anos", acrescenta.

    LLORENS, REICH, ROS-LEHTINEN E OUTROS

    No seu relatório, Llorens procurou refúgio com os especialistas legais hondurenhos que a embaixada consultou, com o fim de entender os argumentos esgrimidos pelos partidários do golpe e seus opositores.

    O certo é que outros documentos, não "confidenciais" como este, mas sim "top secret", foram intercambiados entre Washington e sua embaixada em Honduras durante os eventos de 2009.

    Sem dúvida, as relações muito estreitas de Hugo Llorens com os lobos da política exterior estadunidense, explicam muito melhor que seu relatório "confidencial" o giro pro-golpista que tomou a diplomacia de Obama e Hillary Clinton.

    A congressita de extrema direita, cubano-americana, Ileana Ros-Lehtinen, que representa o Partido Republicano em matéria de política estrangeira, qualificou de "irresponsável" as revelações do site WikiLeaks de dezenas de documentos sensíveis do Departamento de Estado.

    A congressista de Miami tem motivos para preocupar-se: ela foi uma das primeiras que apoiou o ditador Roberto Micheletti pouco depois do golpe de Estado que provocou a saída do presidente constitucional Manuel Zelaya.

    "Apóio Roberto Micheletti, porque ele é o presidente deste país", disse a porta-voz da extrema direita norte-americana no Congresso, em uma coletiva de imprensa, junto a Micheletti, na Casa de Governo hondurenha ocupada pela ditadura.

    Llorens sabia do golpe de Estado de antemão. Isto foi revelado pelo ex-ministro da administração de Zelaya, Roland Valenzuela, dias antes de sua morte, em uma entrevista transmitida por uma rádio local da cidade de San Pedro Sula.

    Valenzuela relata com detalhes como o dia 10 de junho de 2009, o presidente do Congresso Nacional nesse então, Roberto Micheletti, que virou ditador em 28 desse mesmo mês, enviou o borrador do decreto que destituiria Manuel Zelaya.

    Explica como uma empreiteira da Usaid, Jacqueline Floglia Sandoval, foi selecionada como "a pessoa encarregada de coordenar e executar o golpe de Estado".

    Dias depois destas declarações, Valenzuela foi assassinado num lugar público pelo "empresário" Carlos Yacamán, que foi preso, quarta-feira, 8 de setembro, em Miami — não pelo FBI mas sim pelo serviço de imigração — onde encontrara refúgio. Apesar da solicitação ofical da procuradoria de San Pedro Sula, Yacamán continua sob proteção das autoridades estadunidenses.

    O embaixador Hugo Llorens, que depois de seu relatório admitiu ter participado de reuniões onde se discutiram os planos do golpe antes do sequestro de Zelaya, é um cubano-americano "especialista do terrorismo". Era diretor de Assuntos Andinos do Conselho Nacional de Segurança em Washington quando do golpe de Estado contra o presidente Hugo Chávez.

    Llorens se encontrava então sob autoridade direta do subsecretário de Estado para Asuntos Hemisféricos Otto Reich e do muito controvertido Elliot Abrams.

    Otto Reich é uma das personagens mais influintes da fauna mafiosa de Miami e em junho de 2009 encarregou-se pessoalmente de proteger o gangue de Micheletti, com a congressista Ileana Ros-Lehtinen