sábado, 8 de janeiro de 2011

Afinal quem treina, subsidia, arma e incita os terroristas? Bin Laden?

Montaner conspirou com Lucio Gutiérrez no golpe de Estado no Equador

Jean-Guy Allard

CARLOS Alberto Montaner e Lucio Gutiérrez conspiraram, em território norte-americano, na tentativa de golpe de Estado ocorrida no Equador, em 30 de setembro passado, quando o principal regimento da polícia de Quito se revoltou contra o presidente Rafael Correa: isto foi confirmado pelo próprio presidente equatoriano numa entrevista com o jornalista francês Ignacio Ramonet, publicada por Le Monde Diplomatique.

Gutiérrez, no centro, e Montaner, à direita, em Miami.
Gutiérrez, no centro, e Montaner, à direita, em Miami.

“Uma semana antes, Lucio Gutiérrez com Carlos Alberto Montaner e (o coronel) Mario Pazmiño — que era precisamente diretor de Inteligência das Forças Armadas e expulsamo-lo porque era pago pela CIA —, reuniram-se em Miami”, explicou Correa a Ramonet.

“O senhor pode ver as declarações... Reuniram-se com banqueiros corruptos, que fugiram do país, aos quais confiscamos as empresas, e que provavelmente são os que financiam tudo isto”, continuou o chefe de Estado.

“Aí falaram claramente: ‘para acabar com o Socialismo do Século 21 é preciso acabar com Rafael Correa’. Então, à altura deste caminho, não acreditamos em acasos. Essas declarações foram feitas uma semana antes de 30 de setembro, e depois, Lucio Gutiérrez viajou fora do país... Eis os verdadeiros conspiradores”.

Correa assinalou que os partidários de Gutiérrez até preveram um magnicídio: “O senhor pode ver as declarações dum membro da assembleia de Gutiérrez, na manhã dessa quinta-feira, em que afirmava: ‘o presidente vai ser linchado pelos policiais’. Eis a gravação. O irmão de Gutiérrez (Gilmar), era quem dirigia a escolta legislativa na Assembleia; subordinaram-se a ele, e se revoltaram contra o governo. Então claramente havia ligações. E ali, entre bastidores, manejaram tudo isto”.

As acusações do presidente Correa explicam a forma em que, em Miami, nesse mesmo dia, Gustavo Lemus, um equatoriano conhecido por seus vínculos com Gutiérrez, irrmpeu no consulado do Equador, em meio dos acontecimentos de Quito, com um grupo de partidários do militar golpista e de extremistas cubano-americanos.

Lemus é denunciado no Equador como torturador e supeito de ter encoberto o assassinato de dois adolescentes, quando era chefe dos torturadores no governo social-cristão de León Febres Cordero (1984-1988).

Este mesmo Lemus foi visto quando participou da reunião conspirativa convocada por Montaner, agente da CIA e foragido da justiça cubana, em 23 de setembro (sete dias antes da tentativa de golpe) no Equador.

A assembleia intitulada Socialismo do século 21 no Equador, teve lugar no Banker’s Club, One Biscayne Tower, 14º andar, Miami, FL., sob o patrocínio do Interamerican Institute for Democracy (IID).

Radicada em Miami, o IID é uma organização fachada da máfia cubano-americana e de seus afiliados venezuelanos, equatorianos e bolivianos. Organizou nos últimos meses “homenagens” a personagens tão controversas como Armando Valladares, terrorista cubano-americano que conspirou, tanto em Santa Cruz como em Tegucigalpa, a quem outorgou um “Prêmio para a defesa dos direitos humanos”.

O IID organizou com outros grupos de extrema-direita, na passada quarta-feira 17 de novembro, a verdadeira cúpula de golpistas e terroristas no Capitólio de Washington, a qual presidiu Ileana Ros-Lehtinen. Seu diretor é, nada menos, que Carlos “Chulupi” Sánchez Berzaín, ex-braço direito e ministro da Defesa do ex-presidente boliviano Gonzalo “Goñi” Sánchez de Lozada, ambos foragidos da justiça de seu país por sua responsabilidade na “Guerra do Gás” de outubro de 2003, que deixou mais de 60 mortos e quase meio milhar de feridos.

Entre os outros protagonistas da assembleia convocada em Miami por Montaner e Gutiérrez encontrava-se o ex-chefe da Inteligência militar equatoriana, o coronel Mario Pazmiño Silva, expulso do exército por pertencer à CIA.

Em 2001, foi descoberta a submissão de Pazmiño à Inteligência norte-americana com o bombardeio de Angostura. Pazmiño foi expulso das Forças Armadas e dissolvida a unidade de Inteligência que liderava.

Entre os atores mais ativos do fracassado golpe de Estado, encontrava-se o coronel em serviço passivo Galo Monteverde, que manejava as concentrações convocadas pelos conspiradores. Monteverde participou, junto a Gutiérrez, do golpe de Estado contra Jamil Mahuad, em janeiro de 2000.

Na reunião de Miami, Montaner expressou que “Gutiérrez é uma das opções políticas mais poderosas dentro do país e uma das esperanças da reconquista democrática para o Equador”.

Por seu lado, Gutiérrez fez a apologia de Pazmiño, ao acusar Correa de “arrasar com as instituições de segurança”.

Umas horas depois do fracassado golpe de Estado, Montaner apareceu na televisão colombiana junto a Gutiérrez, para denegrir o presidente Rafael Correa. Montaner abriu um show televisivo no NTN 24, o canal de televisão direitista, atacando o presidente com calúnias.

“Se chegassem matá-lo naquele momento (... ) isso teria dado origem a um banho de sangue no país. Por que ele fez isso? Isso não se faz. Esse não é um comportamento presidencial — tirar a gravata e desafiar os policiais”, disse.

Chamando a Gutiérrez, “senhor ex-presidente”, Montaner lhe perguntou: “Realmente o senhor teve a intenção de derrubar Rafael Correa do poder?”.

E o conspirador golpista respondeu: “Desminto as asseverações do presidente Correa de que teria havido uma tentativa de golpe de Estado no Equador. Não houve mais do que um protesto dos policiais rasos ...”.

Montaner, que vive há várias décadas de suas prestações “anticastristas”, converteu-se, a partir do golpe de Estado contra o presidente hondurenho Manuel Zelaya, em 28 de junho de 2009, em apologista do ditador Roberto Micheletti, ao lado da congressista norte-americana Ileana Ros-Lehtinen, e de outro cubano-americano terrorista colaborador da CIA, Armando Valladares.

Tal como o resto dos golpistas e ultradireitistas latino-americanos, usa o território norte-americano, e particularmente Miami, para lançar chamamentos à subversão e à desestabilização contra os países latino-americanos que se resistem ao domínio norte-americano.

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