terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Depois da guerra fria, de levar a guerra ao espaço, de matar milhões de seres humanos no médio oriente, oa EUA, levam a guerra á Internet..

O Comando Sul dos Estados Unidos mantém um portal na Internet para a guerra da informação do Exército norte-americano na América Latina, com aspecto semelhante aos que o Pentágono administra noutras regiões onde interveio militarmente.

Dialogo, com endereço http://www.dialogo-americas.com/, publica-se em três línguas, inglês, espanhol e português, com informações sobre a actualidade e reportagens especiais dedicadas à América Latina na perspectiva do Exército dos Estados Unidos.

Na página inicial, há um inquérito que convida os leitores da região a definir “qual o maior problema do seu país actualmente”, devendo estes marcar uma das seguintes opções: «Desemprego, Crime/Segurança Pública, Problemas Económicos, Problemas de Saúde, Terrorismo/Tráfico de Drogas e Problemas Políticos/Corrupção».

Inquérito da página inicial do sítio do Comando Sul para a América Latina.

Estranho diálogo o proposto por este sítio, pressupondo que todos os países do continente têm pelo menos um problema dos que aparecem na lista e que serviram de pretexto para as intervenções militares do Exército norte-americano na região.

“Diálogo é uma revista militar profissional publicada trimestralmente pelo Comandante do Comando Sul dos Estados Unidos como fórum internacional para o pessoal militar da América Latina”, afirma a nota de apresentação do sítio web, acrescentando que «o Secretário da Defesa determinou que a publicação desta revista é necessária para levar a cabo a actividade pública
que a lei do Departamento da Defesa exige».

Não é invulgar este tipo de portal na Internet, para acompanhar as guerras de informação e as operações de acção psicológica do exército dos Estados Unidos. Desde finais da década de 90, o Departamento da Defesa intervém em áreas cuja competência correspondia dantes aos ministérios “civis” encarregados da propaganda.

De acordo com uma análise publicada a 30 de Novembro de 2005 pelo Los Angeles Times, o Exército activou em todo o mundo «centros de operações de imprensa que funcionam durante 24 horas por dia», situando pela primeira vez «a Internet e outros meios de informação não tradicionais» sob a competência de peritos do Pentágono e das agências de espionagem norte-americanas.

No Iraque, o Pentágono subcontratou o Lincoln Group como redactores de artigos que apresentavam nos meios iraquianos a ocupação americana de um ponto de vista favorável aos EUA, operação concebida para mascarar qualquer relação com o Exército norte-americano.

O Lincoln Group comprou estações de rádio e jornais, traduziram-se os materiais e fizeram-se passar por jornalistas independentes ou executivos da publicidade. Enquanto isto, os funcionários dos EUA dentro e fora do Iraque promoviam os «princípios democráticos», a «transparência política» e a «liberdade de imprensa».

Ainda que a própria legislação norte-americana proíba formalmente que o Exército leve a cabo operações de acção psicológica ou introduza propaganda nos meios de comunicação, militares citados pelo Los Angeles Times argumentaram que com a Internet os esforços do Pentágono estavam a fazer-se no pressuposto de que a imprensa alternativa internacional exerce uma
influência negativa nos norte-americanos e portanto que ela faz parte do seu âmbito de competência. «Já não há maneira de separar os meios de comunicação estrangeiros e nacionais. Já não existe separação nítida», disse ao Los Angeles Times um contratado privado que se dedica a operações de informação no Iraque para o Pentágono e que se negou a revelar o nome.

A USA Today dava conta en Março de 2007 de uma das estratégias favoritas da ciberguerra que já se encontrava em prática: ataques piratas contra os sítios da Internet que incomodavam o governo Bush, para o qual o Laboratório de Investigação da Força Aérea dispunha de 40 milhões de dólares.

Contudo, a jóia desta ofensiva concentrava-se desde então na criação de sítios da Internet e ciberdissidentes à medida da retórica libertária das tropas norte-americanas para justificar as suas acções bélicas.

Essa mesma publicação daría conta alguns meses depois, em Maio de 2008, que o Pentágono «está a criar uma rede mundial de sítios noticiosos da Internet em língua estrangeira, incluindo um sítio em árabe para os iraquianos, e contrata jornalistas locais para escreverem histórias sobre acontecimentos da actualidade e outros conteúdos que promovam os interesses dos EUA e
mensagens contra os resistentes».

USA Today

A USA Today acrescentava que ». Entre os sítios criados pelo Pentágono, segundo a publicação, encontram-se o sítio iraquiano www.mawtani.com, o portal para os Balcãs www.setimes.com e www.magharebia.com para a região magrebína, sustentados pelo Comando Europeu dos EUA.



"Magharebia é um sitio da Internet patrocinado pelo Depart. de Defesa dos EUA. Está concebido para informar um público internacional com um portal com uma ampla gama de informação sobre a região do Magreb". (USA Today)

Os denominadores comuns destas publicações, segundo a USA Today, são: Serem escritas por jornalistas locais contratados para elaborarem histórias que se ajustem aos objectivos do Pentágono.
Pessoal militar ou seus contratados revêem as histórias para se assegurarem que são compatíveis com esses objectivos. Os jornalistas são pagos pelo que publicam.

O diário Ya anunciava a preparação de sítios da Internet semelhantes para a América Latina, em particular um portal que correria a cargo do Comando Sul cujo nome e características se mantinha então no anonimato.

O mistério Ya está revelado: chama-se Diálogo e na sua página principal desta segunda-feira destaca a ameaça da ONU se retirar do Haiti «se não for respeitada a decisão popular» registada nas eleições. Como se sabe, os EUA fizeram o impossível para que estas eleições se realizassem num país devastado, com 250.000 mortos no terramoto do passado 21 de Janeiro que
seguramente apareceriam nos registos de votantes se tivessem sobrevivido ao sismo. Quer dizer, criaram o problema e agora este Diálogo, que na realidade parece mais um monólogo, vem mostrar-nos o gato escondido com o rabo de fora.

Comando Sul

Comando Sul é o Comando Unificado das Forças Armadas dos Estados Unidos que operam na América Latina e Caraíbas e um dos nove comandos directamente vinculados à direcção superior do Departamento da Defesa dos EUA.

Opera no raio de acção de 32 países, 19 dos quais na América Central e do Sul e resto das Caraíbas. Desde 1997, o quartel-general encontra-se na Florida.

Anteriormente, esteve desde 1947 baseado no Panamá. A sua própria história reconhece como um antecedente «glorioso» o desembarque de fuzileiros ianques nesse país nos princípios do séc. XX. O Comando Sul, conhecido também pela sigla inglesa USSOUTHCOM, converteu-se num símbolo da ingerência norte-americana na região e foi aliado das forças militares e paramilitares que tão nefasto registo de mortes, torturas e desaparecimentos deixaram nos povos latino-americanos e caribenhos ao longo de mais de um século.

Nos últimos anos, o USSOUTHCOM armou, treinou e doutrinou os exércitos nacionais para servirem os interesses dos EUA sob a sua liderança. A finalidade é evitar a utilização de tropas norte-americanas e desta forma reduzir a oposição política nos EUA.
O modelo consiste em Washington dirigir e treinar os exércitos latino americanos através de extensivos e intensivos «programas conjuntos» subcontratar empresas privadas de mercenários que proporcionam milita especializados, todos eles oficiais «reformados» do Exército norte-america (Tirado da Enciclopédia contra o Terrorismo)

* Jornalista, editora de Cubadebate

Este texto foi publicado em Cubadebate:
www.cubadebate.cu/noticias/2010/12/06/comando-sur-crea-web-para-guerra
de-informacion-en-america-latina/



Tradução: Jorge Vasconcelos

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