quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Algumas perguntas inocentes...

Polvo Unido

Passemos, porém, a um questionário de rua. Quem encontra facilmente a fraternidade e a liberdade desde que sai de casa e se choca com as corridas para o emprego ou o desemprego? Não depararemos com a insegurança do dia seguinte no rosto das multidões? Que responder ao cravo que interroga as nossas mãos nas nossas sessões comemorativas? Quem trancou as portas que Abril abriu ? Quem entregou a Constituição a Bruxelas, as Finanças a Berlim, o MFA a Washington? Quem agraciou agentes da PIDE e negou uma pensão à viúva de Salgueiro Maia? Esteve a despachar em São Bento. Trespassou o despacho para Belém. Ameaça continuar a despachar. Quem desnudou, numa esquadra de Lisboa, duas jovens que afixavam nas paredes da Lei o seu inconformismo? Quem encomendou blindados para missões indizíveis, já que não chegaram a horas de mostrar os dentes na cimeira da NATO? Que sinais são estes? Preferirão a juventude transviada? Preparam-se para bater forte e feio nos esfomeados e desempregados, nos espoliados e arrastados para a falência pelas quadrilhas do BPN e do Lehman Brothers? Quem permite que o patronato despeça por SMS? Estará a beneficiar das Novas Oportunidades ? Quem interrompeu as diligências investigatórias do caso Freeport e dos voos clandestinos da CIA? Quem consente que operadores sistémicos (na esteira da Jerónimo Martins, Semapa, Sonae, Portucel, Portugal Telecom) arrecadem dividendos antecipados, pondo-se a léguas da crise e dos custos da catástrofe? Quem tolera a impunidade e o regabofe? Por certo a tríade PS/PSD/CDS-BCI. Quem comprou submarinos para proteger a pesca do robalo de Armando Vara? A tríade. Evitarão que Portugal se afunde? Interceptarão a Grande Evasão Fiscal? Quem terá posto Manuel Pinho a leccionar uns meses na Columbia? A Universidade aceitou o dotado MP a troco de três milhões de euros, propina de mestre paga pela EDP. Lembram-se da sumidade que tem de pagar para dar aulas? Abandonou o Governo após a chifrice parlamentar. Importa despender alguns caracteres com a criatura/caricatura do BCI. O seu Ministério editou uma brochura para iniciar os mercados na História de Portugal. A escolha dos Grandes Portugueses recaiu em Salazar e Sócrates. Nem mais. Já que não temos Ministério da Educação e muito menos Ministério da Cultura, o magistério é ocupado pelo Ministério da Economia de Portugal & dos ALLgarves. Enfim, coloca-se a pergunta final: quem, além de alguns banqueiros, empreiteiros, hipermercadeiros, sucateiros, boyeiros e pantomineiros, poderá dizer e garantir que l´État c`est moi ou I am the State ? Enfim, aqui chegados, como dar a volta/operar a reviravolta? Impõe-se um Programa de Redemocratização da República. Será de todo o interesse nacional não encerrar as cerimónias do Centenário sem um debate e um rebate. Trinta e seis anos após a Grândola, vila morena, a máfia é quem mais ordena. Não é um vermelho a macular autoridades eleitas e a rastrear entidades ocultas. Foi um empresário rosa, Henrique Neto, a pronunciar e a acentuar o termo. Depois do Povo Unido, o Polvo Unido?

(extrato do texto Homenagem á resistência de César Príncipe)

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